Mistérios e Lendas do Abaeté

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Localizada no célebre Bairro de Itapuã, em Salvador, a Lagoa do Abaeté encobre com suas águas, mistérios que foram venerados pelos índios, antigos escravos e colonizadores europeus. A palavra Abaeté vem da língua tupi e significa “pessoa boa e honrada”. Não confundir com Abaíté que significa “pessoa terrível, ruim”. Ainda pela cultura tupi, Abaeté teria sido um Morubixaba, Cacique (líder, chefe da tribo). Conta a lenda que este Morubixaba foi levado por Uiara (Mãe d’água) para o fundo da lagoa. E que os nativos passaram a ouvir cânticos e vozes vindos do fundo das águas. Por isso, em homenagem ao “Grande e Honrado Chefe” denominaram a lagoa de “Abaeté”.

 

 

Já os antigos escravos diziam que as vozes eram de Janaína, uma sereia dona das águas dos rios, lagos e lagoas que seria filha de Iemanjá.

 

 

Para os colonizadores europeus, nas águas do Abaeté havia um palácio encantando onde residia um príncipe com toda a sua corte. Ele era o dono dos peixes e das forças das águas. Este príncipe encantava as pessoas que se aproximavam da lagoa e as carregava para o fundo das águas.

 

Todas estas historias, aumentavam na época o temor por banho em suas águas, aguçavam a aura misteriosa e serviam para justificar as eventuais mortes por afogamento que segundo diziam: “aquelas águas engoliam as pessoas em inexplicáveis sumidouros e redemoinhos”.

Esses encantos e lendas já serviram de inspiração para artistas como Dorival Caymmi que na música “A Lenda do Abaeté” exalta os mistérios e encantos das águas escuras, dessa massa de água doce cercada pelas alvíssimas areias e deslumbrantes dunas.

As águas do Abaeté também foram tema de enredo da Mangueira no carnaval de 1973, consagrando a Escola como Campeã daquele ano com o samba “Lendas do Abaeté” dos compositores Jajá, Preto Rico e Manoel interpretado por Jamelão e depois, tornou-se sucesso absoluto na voz de Elza Soares.

Muito visitada e não são raras às vezes todos aqueles que se encontram as  suas margens, a passeio ou por simples curiosidade, dizem ouvir, nas noites de luar, cânticos ritmados ora tristes ora alegres. O Axé da antiga lagoa com suas belezas naturais já foi muito reverenciado pelos religiosos do Candomblé.

Com a especulação imobiliária a lagoa que é abastecida por nascentes e não pelo represamento da chuva, como já se acreditou um dia, passou por uma devastação em suas dunas com a retirada descontrolada de suas areias para a construção civil.

Para conter a ação predatória do local e preservar as belezas naturais da lagoa, foi criado o Parque Metropolitano Lagoas e Dunas do Abaeté em 1993, com uma área de 12.000 metros quadrados.

Abaeté também já foi usada por lavadeiras que em suas margens ajudaram a manter vivas muitas das tradições ancestrais que enriqueceram a cultura de Salvador.

Com suas águas cheias de encantos e magias, a resistente lagoa do Abaeté continua a encantar aqueles que tem o privilegio de ouvir ou comtemplar seus  inspiradores mistérios.

 

Axé!