20 anos sem Pierre Verger, o francês com sotaque baiano

Ontem, 11 de fevereiro completaram-se 20 anos da morte do francês Pierre Verger. Verger era fotógrafo, etnólogo e apaixonado pela cultura afro, em particular, pelo Candomblé. Esta paixão pelo Candomblé o levou a ser iniciado para Xangô pelas mãos de Mãe Senhora.  Mãe Senhora foi Yalorixá do Ilê Axé Opô Afonjá em Salvador (BA), no período de 1942 até 1967. Ela definia Verger, devido as suas várias viagens ao continente africano, como ‘intermediário’ entre a Bahia e a África. Em uma dessas viagens à África, Verger foi iniciado em Ifá e recebeu o titulo de Fátúmbí (ele que é renascido pelo Ifá).

 

Para o Ogan do Ilê Axé Opô Afonjá, do Rio de Janeiro, José Beniste, Pierre Verger foi um dos mais importantes divulgadores da cultura afro.  Depois de suas pesquisas e publicações o Candomblé passou a ser estudado como religião.  Verger, através de uma linguagem acessível, com imagens inéditas e extraordinárias, trouxe maior compreensão para o Candomblé.

 

Pierre Verger tem livros campeões em vendas como: “Notas Sobre o Culto aos Orixás e Voduns”, “Orixás” e “Fluxo e Refluxo do tráfico de escravos entre o golfo de Benin e a Bahia de Todos os Santos”. As suas obras elevaram a credibilidade e a imagem da cultura afro, auxiliando a sua aceitação na sociedade.

 

A dedicação à fotografia o fez declarar na exposição 'Le Messager', realizada em Paris, em 1933: "A fotografia permite ver o que não tivemos tempo de ver".

 

Suas fotografias, não só de Orixás como da sociedade de sua época, fazem sucesso nos dias atuais em exposições país a fora e estão disponibilizadas na casa onde ele morava e que abriga hoje a sede da Fundação Pierre Verger, situada no bairro de Vasco da Gama, em Salvador.

 

No período em que o Rio de Janeiro foi a capital da República, por diversas vezes Pierre Verger esteve no Rio, registrando através da fotografia a história e a cultura da cidade. Estas fotografias do Rio antigo estão na exposição “Rio Setecentista, quando o Rio virou Capital”, que vai até o dia 8 de maio, no Museu de Arte do Rio (MAR), que fica na Praça Mauá, no Centro do Rio.

 

É uma grande oportunidade de apreciar a obra do importante francês com ‘sotaque’ baiano entusiasta pela cultura afro-brasileira, que nos deixou há vinte anos.

 

"O bom nome eterniza o homem!" (Náà dára orúko àìlópin náà okùnrin!)

 

Axé!