'Brasil: DNA África'

Nos meados do século XVI, no cais de Luanda, capital de Angola, os africanos escravizados eram obrigados antes de embarcar nos navios, a dar várias voltas em torno de um imenso Baobá, que era considerada a árvore do esquecimento. Aquele ato representava que todos estavam deixando ali suas crenças, origens e história, para depois serem batizados com uma nova identidade cristão-ocidental e enviados a diversos países.

 

Só para o Brasil foram trazidos mais de 4,9 milhões de africanos das etnias: bacongos, ambundos, benguelas, yorubás, jejes, minas, hauças, tapas e bornus.

 

A travessia do Atlântico, a bordo destas embarcações em condições sub-humanas, causou diversos traumas e uma significante ruptura na história das gerações seguintes que tinham apenas como referência uma ancestralidade escravocrata, sem definição de etnias. Este foi então o ponto de partida para o documentário Brasil: DNA África, uma produção da Cine Group com a Globo Filmes e a GloboNews. Sob direção de Mônica Monteiro, o filme investiga a origem dos afrodescendentes brasileiros no intuito de reconstruir a identidade de cada um.

 

Foram escolhidas 150 pessoas dos cinco estados brasileiros que mais receberam africanos no Brasil: Bahia, Rio de Janeiro, Maranhão, Minas Gerais e Pernambuco. Desses 150, foram selecionadas cinco de cada estado.

 

A proposta do documentário foi investigar a origem de cada um dos cinco escolhidos, por meio de três vertentes: histórica, cultural e científica. O filme proporcionou a todos uma viagem ao país de origem de seus descendentes e um contato direto com a etnia, fazendo estabelecimento com as raízes original de cada um.

 

O baiano Zulu Araújo foi quem estreou o projeto, saindo de Salvador direto para a República de Camarões para descobrir que carrega em seu sangue uma herança proveniente da comunidade tikar. Emocionado com essa descoberta, Zulu declarou que foi uma surpresa, “pensava, como muitos baianos, que era yorubá. Tive que refazer minha identidade em minha cabeça aos 62 anos”.

 

A carioca Juliana Luna também teve a oportunidade de viajar à Nigéria, passando por Lagos e Ilé Ifè, em encontro com sua raiz yorubá.

 

Já Raimundo Garrone foi direto do Maranhão para descobrir-se descendente do povo balanta, de Guiné-Bissau. O pernambucano Levi da Silva Lima por sua vez pegou o avião para Moçambique e encontrou-se com os makuas e, finalizando a série, o músico mineiro Sergio Pererê se encantou com a musicalidade do povo Mbundu, na Angola.

 

Para chegar ao resultado com precisão, os testes de DNA são levados a um laboratório em Washington, nos Estados Unidos, o African Ancestry, que mantém registrado em seus arquivos mais de 220 etnias africanas.

 

O diretor-geral do filme, Carlos Alberto Jr., reforça a importância de mostrar ao Brasil que o país foi colonizado também por africanos e não somente por portugueses. Atualmente, a população negra ultrapassa 50% dos habitantes do nosso país.

 

A produção ficará em cartaz até 16 de junho no Espaço Itaú de Cinema do Rio, São Paulo e Salvador.                                                                                                         Fontes: cinegroup e afreka

 

Lààyè nã ìyá Africa! (Salve a Mãe África!)

 

Axé!