Aos Orixás o céu, aos homens a terra

Um mito yorubá, narrado pelo saudoso Mestre Agenor Miranda dizia que quando Olódùmarè criou o universo, todos podiam transitar livremente entre o Òrun-céu e o Àiyé-terra. A proibição de trânsito e a separação dos dois mundos foram devidas a uma desobediência a Òsàlá, Òrìsá responsável pela criação dos seres humanos.

 

O mito contava que um casal ansioso por um filho procurou Òsàlá e lhe implorou a realização do desejo. A princípio, Òsàlá relutou em atender-lhes, mas devido a grande insistência, Òsàlá aceitou em ajudar-lhes, mas com uma condição: o menino deveria viver sempre no Àiyé e nunca poderia entrar no Òrun.

 

Como o casal aceitou a determinação de Òsàlá, logo a mulher engravidou e o menino nasceu forte e sadio. Já crescido, o menino era muito esperto e curioso, e seus pais, devido ao pacto com Òsàlá, escondiam dele a existência do Céu. Só que o pai do menino tinha uma plantação que avançava para dentro do Òrun, e quando saía para trabalhar na lavoura dizia que ia para outro lugar. O menino que andava desconfiado fez um furo no saco de sementes que o pai carregava para a plantação e seguiu a trilha das sementes até ao céu. Ao entrar no Òrun, foi preso pelos guardiões que lhe levaram a presença de Òsàlá. Òsàlá logo reconheceu o menino que dera àquele casal e, revoltado com a desobediência, bateu com muita força seu Òpá sóró (cajado sagrado) que atravessou todos os espaços do Òrun, criando assim a separação do infinito com a terra.

 

Depois do ocorrido, os Òrìsà passaram a morar no Òrun, os humanos no Àiyé, e só após a morte é que os espíritos retornam ao Òrun.

 

Axé!