A jornada de Beniste no Candomblé

Filho de pais libaneses, tijucano da Praça Saens Peña, José Beniste foi criado na religião judaica. Aos 17 anos conheceu Dona Carol com quem se casou aos 24 anos.

 

Seu primeiro contato com a religião espírita foi no conceituado Templo Espírita Tupyara do Rio de Janeiro, quando Dona Carol fez uma cirurgia espiritual. A partir daí, o interesse de Beniste pela doutrina espírita foi aguçado, e ele passou a estudar o assunto com mais profundidade.

 

Dona Carol era médium, e em casa, passou a incorporar o Preto Velho ‘Pai Manuel’. Certa vez esse Preto Velho chamou Beniste e lhe disse: “Filho, se prepara, pois você será conhecido e solicitado!”. Beniste ficou surpreso, pois seu ritmo de vida não sugestionava fama. Não sabia ele que o Preto Velho falava do relevante trabalho que prestaria para a cultura afrobrasileira, em particular, o Candomblé.

 

Devido ao Preto Velho Pai Manuel, Beniste aproximou-se da Umbanda e do Omolokô, uma religião muito praticada na época com base em elementos africanistas, espíritas e ameríndios. No Omolokô algumas divindades possuem nomes yorùbá com assentamentos similares ao do Candomblé. Isso fez com que Beniste se interessasse pelo Candomblé e buscasse mais conhecimentos sobre essa religião.

 

Paralelamente a isso tudo, ele estreou em 1970 um programa na Rádio Rio de Janeiro que divulgava as religiões afro-brasileiras. Este programa foi totalmente inovador para a época por existir pouquíssimos programas voltados para a divulgação da cultura afro-brasileira. Isso o aproximou ao mundo do Candomblé, pois o Programa era frequentado por inúmeros Babalorixás, Yalorixás, Ogans, Ekedis e todo o povo do santo.

 

Beniste também foi o responsável por um dos maiores festivais de cantigas de Umbanda na década de 70. A ressonância desse festival se faz presente até hoje, por abrir as portas para que outros fossem organizados.

 

Em 1982 fundou o curso de língua yorùbá, Brasil-Nigéria, com a presença do cônsul da Nigéria, Alhaji Muhammadu Fufore, e das Yalorixás, Bida de Yemanjá e Ègbónmi Dila.

 Em 1984 foi confirmado como Ogan pela Iyalorixá Cantu de Airá Tola dirigente do Ilê Axé Opó Afonjá, em Coelho da Rocha no Rio de Janeiro.

 

Na década de 90 trocou a Tijuca pelo Recreio dos Bandeirantes e escreveu seu primeiro livro: “Òrun Àiyé, o encontro de dois mundos”, no qual eu tive a honra de escrever a sobrecapa. Beniste é ainda autor dos livros: “Jogo de Búzios”, “Águas de Oxalá”, “Mitos Yorubás” e “Dicionário Yorubá”.

 

É por toda esta obra e razão que eu me sinto orgulhoso de retratar a trajetória e o trabalho de José Beniste, que contribuiu e continua contribuindo para a fixação e o respeito de toda a Cultura Afro-Brasileira e, em especial, o Candomblé.

 

Lóju tifé tifé oló tó kó olùfé Olódùmarè! (Na amizade sincera encontramos o amor de Deus!)

 

Axé!